A escolha de um animal de estimação geralmente está relacionada aos gostos pessoais e à disponibilidade de tempo para criar o bichinho. Mas quando você mora em um apartamento, quesitos como segurança, higiene e espaço também devem ser observados. Segundo especialistas, atendendo a alguns cuidados específicos, é possível criar até cobras em apartamentos.
O veterinário João Paulo Sousa Melo explica que o primeiro fator que deve ser analisado na hora de escolher o novo morador é o tamanho do animal, que deve ser de pequeno a médio porte. Outro aspecto é o temperamento, porque se o bicho for muito ativo e agitado, pode enfrentar problemas.
“Historicamente, alguns animais são preparados para caçar, correr, são mais ativos e diurnos. Outros são mais noturnos e isso está ligado ao fato do proprietário não ficar o dia inteiro com eles. Se ele quer brincar e o dono não está em casa, ele acaba sendo penalizado e tendo problemas de comportamento. Começa a fazer xixi fora do local apropriado e morder objetos para chamar a atenção quando o dono chega”, diz.
No caso dos caninos, João Paulo explica que outro fator importante, independente da raça, é a disponibilidade para levar o animal para passear. Segundo ele, exercícios devem ser feitos pelo menos 30 minutos por dia, todos os dias. No entanto, o profissional alerta que se o animal adquirir o hábito de fazer as necessidades fisiológicas durante a caminhada, pode ter problemas de saúde nos dias que o dono não o levar para o passeio, pois provavelmente o cão não fará dentro de casa.
Em relação à caminhada, os horários indicados pelo especialista são no começo da manhã e no final da tarde. O proprietário deve tomar cuidado com a temperatura do asfalto.
Entre os cachorros, as raças mais indicadas para se criar em apartamento são yorkshire terrier, maltês, poodle toy e shih-tzu, segundo o veterinário. Ele afirma, porém, que os gatos são um dos melhores animais para se criar neste tipo de imóvel.
“Algumas raças são mais dóceis e mais paradas. Alguns dormem durante o dia e isso facilita o contato com o proprietário que, geralmente, chega em casa à noite. Ele é independente, não precisa de muita de atenção. Tendo a comida dele, ele se alimenta e poucas vezes procura o contato direto com o dono. Ele faz suas necessidades na caixinha de areia e é bem higiênico”, explica João Paulo.
Animais silvestres
O veterinário Clayton de Andrade, especialista em animais silvestres, explica que a cobra é um bom animal para ser criado em apartamento por ocupar pouco espaço. Elas devem ser criadas em um terrário, que é uma espécie de aquário.
Conforme o veterinário, a cobra come a cada 7, 15 ou 30 dias, dependendo do tamanho. “É um animal que não faz sujeira e é muito manso, até crianças pegam. Ela é condicionada a comer ratos, então ela vai atacar apenas ratos, o ser humano é muito difícil. Tem espécies que são mais agressivas, mas essas são mais aconselháveis para quem já tem um pouco de experiência”, diz.
Para a criação, o veterinário indica as espécies de jiboia BCC (Boa constrictor constrictor) e a jiboia arco-íris do cerrado, que segundo ele, são extremamente mansas. “Quando você cria esses animais desde novos, ele vê você como o provedor de comida dele, então porque que ele iria atacar o provedor?”, questiona.
Animais como corujas também são sugeridos pelo veterinário. Segundo ele, as aves são dóceis e ficam em poleiros específicos para a espécie. As garras da coruja ficam presas por uma trela ligada a uma corda, que fica amarrada ao poleiro. Elas se alimentam de ratos ou codornas, uma vez ao dia.
O veterinário alerta que para adquirir animais silvestres ou exóticos, a loja tem que ser credenciada com um órgão ambiental, para que seja emitida uma nota fiscal, que é funciona como o documento de identificação do animal.
Cuidados especiais
Assim como as crianças, os animais também precisam de alguns cuidados especiais. João Paulo explica que é importante colocar telas de proteção em todas as janelas e na sacada, pois os animais têm o hábito de subir em móveis. As portas devem ser mantidas trancadas para evitar que alguém abra a porta e o animal fuja.
O especialista diz que algumas raças gostam muito de latir e pode haver a necessidade de adestramento para evitar conflito com o convívio com os vizinhos.
O ideal para o veterinário é levar o animal que vive em apartamento pelo menos uma vez a cada seis meses na clínica para avaliar a saúde, exceto se houver alguma manifestação anormal, nesse caso o bichinho deve ser levado imediatamente.
Higiene
As áreas sociais dos prédios têm que ser mantidas bem cuidadas e limpas, para evitar que o odor incomode os vizinhos. O veterinário alerta que o ideal é usar um desinfetante que seja aprovado para animais, mas, em geral, os desinfetantes comuns são suficientes para limpeza doméstica. Só é necessário tomar cuidado com os odores fortes dos produtos e não passá-los na presença do animal.
João Paulo acrescenta que a melhor forma de amenizar o odor da urina e das fezes é alimentar o animal somente com ração que seja adaptada a espécie e a idade dele. Há também tapetes próprios para as necessidades dos animais, que são absorventes e liberam um perfume.
Já para os gatos, o veterinário explica que são utilizadas caixas de areias que absorvem a urina e evitam que o odor se espalhe. Os equipamentos devem ser limpos diariamente.
Os animais de estimação devem tomar banho a cada 15 dias. “O ideal é que o local onde o bichinho tome banho seja, também, uma clínica veterinária, pois com o contato profissional, o veterinário pode observar o surgimento de algum problema e resolvê-lo rapidamente. A tosa depende da raça e da higiene do proprietário. Alguns gostam do pelo maior, então, é bem relativo”, explica.
O administrador de empresas Juliano Souza se mudou para um apartamento há seis meses com sua esposa e levou sua poodle para a nova moradia, mas relata que alguns problemas de adaptação da cadela geraram reclamações de vizinhos.
“Nos primeiros dias ela escutava muitos barulhos, não estava acostumada e latia muito. Um dia a gente teve que deixar ela sozinha dentro do apartamento e ela ficou uivando, chorando, latindo e os vizinhos se incomodaram tanto que entraram em contato com o síndico”, explica.
A Ireniz da Silva Matos é síndica convencional de sete condomínios na capital e explica que a maior reclamação dos moradores gira em torno dos latidos e do uso do elevador social. De acordo com a síndica, os moradores que não tem animais não se incomodam com a presença dos bichos, mas com a forma de cuidar de alguns proprietários.
“Os moradores que não tem animal se incomodam quando os donos andam com os animais nos elevadores sociais, pois existem normas que impedem isso. O problema é que algumas pessoas tem resistência às normas e as leis são brandas”, explica.
Porém a síndica ressalta que o não cumprimento das normas do condomínio pode resultar em multas estipuladas pelo regimento interno do prédio.
Adoção
A publicitária Rayssa Guth cria cinco gatos em seu apartamento. Ela encontrou os bichanos na rua e indica a adoção para quem quer um animal. “Cada um tem a sua personalidade, alguns são mais quietinhos, outros são mais atentados, mas é muito bom adotar. Eles viram parte da família”, explica.
Ela é apaixonada em gatos e conta que eles são muito ociosos, por isso é importante fazer atividades como brincadeiras com bolas e cadarços amarrados em lugares pela casa.
Rayssa fala que a parte mais importante para quem quer adotar um bichinho é castrar o animal, pois além de aumentar qualidade de vida do animal, aumenta o tempo de vida e, no caso das fêmeas, evita que ela tenha câncer de mama.
“Os gatos são muito territorialistas e se você não castrar, eles brigam entre si, fazem xixi fora do local apropriado, choram para sair quando sente cheiro de gata”, explica.
Via secovi-ba.com.br